Uma tarde fazia um calor tão grande,que tudo que alguém podia querer era um banho de rio - mas não daquela água barrenta! Um rio , como os da minha terra,fresquinhos , limpinhos , cheios de peixe pra se pegar com "puçá" . De repente, sem mais nem menos , ela parou arrulhar e lançou aquele olhar sério pro horizonte. Não deu tempo nem de perguntar o que era : ela virou a cabeçimha pra mim, piscou e saiu voando numa velocidade incrível prum passáro enferrujadode nuncca voar. Eu gritei o que foi, o que era,volta, não me deixa!Mas ela sumiu numa nuvem , branquinha que nem ela.
Me deu um nó na garganta , me deu uma solidão , me deu um medo. Eu, que nunca tinha enjoado com o balanço do barco até aquela hora , enjoei de ficar tonto. Corri pro meu vô.Quem sabe ele não tinha um remédio pra isso?
-Remédio pra isso , meu filho, é tempo e paciência . Seu avô vai lhe ensinar como faz.
Voltou comigo pra janela, pro meu posto de vigia. Só que , sem minha companheira, doía ficar ali . Meu olho foi aguando.O vô falou,enquanto secava minhas lágrimas:
- Naõ chora não , menino. Você não acha que já tem bastante água lá fora? Sabe a vantagem de ser velho ? , ele continuou, puxando uma cadeira pra sentar.A gente aprende que , ás vezes , o que parece ser o fim do mundo , é o começo. Lembra a cara que você fez quando eu lhe dei a pomba? E agora , quando ela sai voando, olha o mundo acabando outra vez! Paciência , é preciso esperar pra ver que vida a vida nos traz.
Que vida a vida nos traz , parecia uma música desafinada pros meus ouvidos entupidos de tristeza. Que vida... Então , olhei pela janela e vi. Pensei que era miragem , sonho, um floco de nuvem deslizando ao sabor do vento. Mas o vô sorrio pramim e piscou o olho: era ela! Entrou pela janela e foi direto pra ele - no bico, trazia um galho de oliveira.
- Foi bem cumprida a missão dos meus valentes escolhidos . A vida só traz vida , disse ele segurando o galhinho , como se fosse de ouro . E o mundo começa de novo! Cabe a você o anúncio da boa nova.
- Qual boa nova , võ?, perguntei , distraído com os carinhos da pomba.
- Terrá à vista , ora! ´
E foi o que eu gritei pelo barco afora, a pomba voando sobre a minha cabeça,enquanto um arco - íris se desenhava lá fora.
A arca do tesouro parte 5 - Final
19:26 |
Marcadores:
Animais de estimação
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário