Parte 3
Queria estar no chão, jogando bola, soltando pipa. Solto.De repente, um risco de luz rasgou o céu.E outro e mais outro. Um sem fim de luzes e estrondo .Parecia o barulho de todas as montanhas do mundo caindo.Corri pra baixo do avental da minha mãe e a virou só uma lembrança.Porque a água que caiu depois,cobriu tudo.Cada pingo grosso, como os das chuvas de verão.Bom era sair com os primos, se lavar naquele véu de água e se lambuzar na lama.Pra desespero de nossas mães que diziam ter mais barro nas nossas roupas do que no corpo de Adão.Distante...E agora tudo o que eu quero é distância.Eu,que sempre fui unha e carne com meus primos, a gente não se desgrudavapra nada. Acho que é esse aperto, isso do nariz de um estar sempre se metendo aonde não é chamado. E nem precisa chamar: com a falta de espaço do barco, todo mundo tropeça em todo mundo. Só aturo mesmo a companhia dessa pomba branca...Que legal! Ela não precisalevantar a cabeçapra beber água, como fazem os outros passarinhos. Fica com o biquinho mergulhado na tigela,tomando uns goles compridos.Bichinho esperto - parece gente! Por falar em parece gente, não tinha reparado aindano quanto seus olhinhos são bonitos. Lembram os olhos do meu avô, cheios de paciência...Não perca amanhã!!!!
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